Novembro Azul: a saúde do homem em foco
Marcada pelo combate ao câncer de próstata, a campanha Novembro Azul, em sua essência, cuida da saúde do homem como um todo. Mas a população masculina ainda tem muita resistência em ir ao médico regularmente.
As principais causas para esse obstáculo podem ser “a vergonha de expor o corpo, o medo de descobrir alguma doença grave e questões culturais, como o imaginário da virilidade ”, destaca o Dr. Bernardo Geoffroy, urologista do Grupo Caberj. Ainda de acordo com o médico, “acredito que campanhas regulares e uma boa relação médico-paciente, em que o assunto é abordado de forma clara e natural, ajudem a diminuir esse tabu”.
Diferenças entre homens e mulheres
Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que em 2022 foram registrados apenas 200 mil atendimentos de homens por urologistas no Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto isso, mais de 1,2 milhão de mulheres foram atendidas por médicos ginecologistas.
Essa diferença é ainda mais gritante na faixa etária entre 12 e 18 anos. De acordo com a pesquisa da SBU, as meninas se consultam na ginecologia 18 vezes a mais quando comparadas às vezes que os meninos vão aos urologistas. Mas essa realidade, felizmente, vem mudando. De 2016 a 2020, por exemplo, a procura do homem por profissionais de saúde aumentou 49,96%, segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do SUS.
Doenças cardíacas geram preocupação
Embora o combate ao câncer de próstata seja o grande chamariz para a campanha Novembro Azul, até por ser o tipo mais comum entre os homens, as doenças cardiovasculares são as maiores causadoras de mortes no Brasil e no mundo, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Somente em 2022, já foram contabilizados mais de 330 mil óbitos provocados por problemas cardíacos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Por isso, quando falamos em saúde do homem, também devemos ter bastante atenção às doenças do coração. Afinal, de acordo com os dados da SBC, são mais de 1,1 mil mortes diárias, ou seja, em torno de 46 por hora ou uma a cada 90 segundos. Os problemas cardiovasculares causam o dobro de óbitos que todos os tipos de câncer juntos, por exemplo. A instituição estima que o número de pessoas falecendo em decorrência de complicações cardíacas deve ultrapassar 400 mil neste ano.
“Fazer exames de rotina e ir ao médico regularmente são medidas importantes para realizar diagnósticos precoces de doenças e, assim, aumentar as chances de cura ”, avalia o Dr. Bernardo.
Quais são os fatores de risco e as formas de prevenção contra doenças cardiovasculares?
As doenças cardiovasculares reúnem diversas enfermidades do coração e dos vasos sanguíneos. Entre elas, estão doenças coronarianas, cerebrovasculares, arteriais periféricas; reumáticas; cardiopatias congênitas; trombose venosa profunda e embolia pulmonar.
Segundo o urologista do Grupo Caberj, “os mais importantes fatores de risco comportamentais para doenças cardiovasculares são o sedentarismo, dieta inadequada, tabagismo e uso de álcool em excesso ”. Além disso, o médico alerta que “a redução do sal e gordura na dieta, aumento do consumo de frutas e vegetais, exercícios físicos regulares, cessação do tabagismo e do abuso de álcool têm se mostrado eficazes para reduzir o risco de doenças cardiovasculares ”.
Quem tem histórico familiar de doenças cardiovasculares ou alguma comorbidade que possa levar a problemas cardíacos, o diagnóstico e tratamento precoce é fundamental. Por isso, a partir dos 45 anos, é recomendável ir ao cardiologista anualmente. Quem tem casos na família ou alguma condição prévia, deve realizar uma consulta a cada seis meses. Então, não espere aparecer os sintomas para procurar o médico.